Preço baixo muda comportamento do consumidor de Feijão
O panorama atual do mercado de feijão evidencia uma pressão estrutural sobre toda a cadeia de alimentos essenciais no Brasil. Conforme dados divulgados pelo CEPEA no dia 2 de junho, os preços seguem sob pressão. Nas regiões do Nordeste de Minas, Sul de Goiás e Paraná, observa-se um cenário de negócios marcado pela retração nas vendas aos empacotadores, excesso de oferta e uma demanda enfraquecida.
O que ocorre nas principais regiões?
Nordeste de Minas: Existe procura por feijões com classificação nota 9, porém a oferta é inexistente. Os estoques de feijão armazenado em câmaras frias já estão bastante reduzidos. Ainda assim, o feijão de qualidade comercial (nota 7,5/8), com variados defeitos, continua abastecendo o mercado.
Sul de Goiás: A safra nova ainda não começou a ser colhida, e os sistemas irrigados comerciais apresentam escoamento lento, com baixa disposição de compra por parte dos compradores.
Paraná: A colheita recente disponibilizou feijão comercial no mercado, mas o ritmo das vendas nos últimos dias ficou aquém do esperado, refletindo a cautela nas aquisições por parte dos empacotadores.
Por que o setor está sob tamanha pressão?
O agronegócio de alimentos básicos no Brasil atravessa uma conjuntura desafiadora, marcada por juros elevados, novas cargas tributárias e preços deprimidos. Essa combinação restringe a gestão da oferta a poucos agentes do mercado.
Embora, a curto prazo, essa realidade possa contribuir para o controle inflacionário, o que favorece o governo, ela impõe alerta máximo a produtores e aos demais elos da cadeia. Preços muito baixos comprometem a rentabilidade e reduzem os investimentos na produção, abrindo espaço, no médio prazo, para um cenário de escassez e, consequentemente, aumento dos preços ao consumidor. Em outras palavras, o ganho imediato pode se transformar em perda futura.
Mudança no perfil de consumo
A desaceleração nas vendas para empacotadores e o varejo aponta para uma transformação no comportamento do consumidor brasileiro, que está menos disposto a fazer estoques e tem optado por compras mais frequentes e em menores quantidades. Esse movimento ocorre em um ambiente de inflação persistente, crescimento econômico modesto e incertezas, o que limita a capacidade de reação dos mercados.
Mais do que nunca, é necessário enfrentar esse ciclo com estratégia, foco na eficiência de custos e compromisso com a qualidade. O consumidor, cujo perfil já mudou, pode ser reconquistado. Porém, o setor precisa atuar de forma coesa, em busca de políticas públicas que valorizem os alimentos essenciais e promovam maior equilíbrio nas relações comerciais.